sábado, 4 de junho de 2011

A Arte Marcial Perfeita

Um chute é sempre um chute, não importa de onde ele venha!
 
   A natureza do homem é competitiva. Já foi comprovado que, em situações extremas, o mais cooperativo dos seres se torna egoísta, prepotente, soberbo. Questão de sobrevivência...
  No capitalismo atual, podemos considerar que ser e, principalmente, permanecer competitivo no mercado tornou-se uma situação que pede medidas extremas: propaganda maciça, marketing agressivo, guerra publicitária. Usa-se uma infinidade de jargões militares para se referir às campanhas e estratégias de sobrevivência comercial, pois, segundo os especialistas, o capitalismo é um "campo minado".
  Neste campo minado, temos as Artes Marciais, no sentido genérico que convencionou-se a usar o termo. Entre sistemas milenares ou modernos, tradicionais ou que se mantém em evolução, surgem (ou aparecem, ou ressuscitam), a cada dia, novos centros de treinamento de novos estilos de novos mestres. Por questões estritamente comerciais, a grande maioria propaga vender o melhor conhecimento, eufemizando a frase com os termos "ensino a melhor arte marcial". Bobagem completa das relações de venda, pois o verdadeiro Mestre sabe que não existe a melhor arte, o melhor estilo ou o melhor sistema. Existe apenas o que cada um melhor se identifica. Simples assim. Todo conhecimento marcial merece respeito e admiração, pois todos se completam!
  O problema é que, justamente por esse tipo de marketing, vários jovens - que serão os mestres de amanhã - desenvolvem preconceito e desrespeito contra outras Artes e arrogância perante a sua. Veja bem, não estou falando de preferência pessoal pela sua modalidade, estou falando de jovens que se agridem e se ofendem em fóruns de redes sociais ou no bate papo com os amigos na mesa de um barzinho. Algo do tipo "quem treina a modalidade X é isto", "a modalidade Y é aquilo" e "a modalidade Z não serve prá nada". Por causa disso, muitas vezes, me questiono se esta estratégia de propaganda que se tornou praticamente um padrão das academias marciais, a de vender o estilo "mais completo, mais eficaz, mais verdadeiro e mais mortal" - pasmem, muitos usam sim as 2 últimas palavras! - já não deveria ter sido revista. Obviamente, não tenho a pretensão de achar que uma academia ou escola sobreviva sem propaganda. A questão é como ela está sendo feita e como deveria ser feita.  Incitar a rivalidade, a prepotência e a violência - ainda que verbal ou psicológica - definitivamente, nada tem a ver com princípios marciais. Aliás, uma grande prova de que não existe sistema perfeito está no tão moderno e em voga MMA. Estuda-se variadas técnicas para se tornar um campeão. O atleta deve ter mente aberta e humildade para absorver conhecimentos distintos de diferentes vertentes, a fim de aproveitar o máximo de opções, de acordo com as suas possibilidades e necessidades. Mesmo assim, devemos lembrar que MMA é um esporte de combate. Se o exemplo se referisse à defesa pessoal, seria a mesma coisa.
  Enfim, ainda acredito no potencial educativo das Artes Marciais e acho que as campanhas deveriam focar outros aspectos deste tipo de aprendizado, a fim de educarmos nossos alunos para que descubram o respeito, a humildade, o valor do conhecimento, a beleza da diversidade e a inexistência da perfeição.


Abraços, Taekwon!!! ;D